Nos últimos anos, a sociedade tem vindo a dedicar-se cada vez mais à prática de corrida. Isto é sobremaneira positivo, uma vez que tem vindo a ser associada a maior longevidade e à redução de fatores de risco cardiovasculares e várias outras doenças, que contribuem para grande parte das causas de morte e incapacidade no nosso país e no mundo. Seja de forma individual ou em grupo, na pista, na estrada ou no monte, diária ou ocasionalmente, por motivos de saúde ou na vertente competitiva, o que é certo é que cada vez mais indivíduos calçam as sapatilhas e vão correr.
Correr é algo inato no ser humano, já os antepassados o faziam, de forma instintiva, para perseguir presas ou escapar a predadores, no entanto, a ciência cada vez mais nos proporciona informação, o que torna cada vez menos “simples” o ato de correr. A cada passo, surgem dúvidas sobre que treinos realizar, quais as melhores sapatilhas, qual o melhor terreno, qual a forma ideal de correr, etc. O principal problema, e a motivação das maiores dúvidas, estará talvez relacionada com o momento em que a corrida deixa de ser algo prazeroso, com resultados motivadores, para ser fonte de dor. Aqui, importa parar para perceber o que possa ser normal e distingui-lo do que possa ser indício de lesão. A literatura aponta para que cerca de 50% dos corredores tenham uma lesão por ano que os impede de correr por algum tempo. Importa saber selecionar a informação que se procura, tendo em conta o melhor desfecho da situação que, para a maioria dos “aficionados” da corrida, será não ter de parar ou parar o menor tempo possível, evitando um efeito negativo no seu desempenho.
Para começar, de ressalvar o óbvio: cada indivíduo corre com o seu próprio corpo, o que significa que nem sempre as queixas semelhantes em indivíduos diferentes deverão ter a mesma abordagem. Cada queixa deve ser avaliada de forma específica e personalizada, procurando as causas e soluções adaptadas a cada caso concreto.
As queixas de dor mais comuns em corredores podem dividir-se, de forma genérica, em dois grandes grupos: as que resultam de sobrecarga (70-80%) e as que resultam de eventos agudos, com trauma musculoesquelético.
No caso das últimas, mais raras, relacionam-se sobretudo com a ocorrência de entorses do tornozelo e lesões musculares.
Já as lesões de sobrecarga são maioritariamente relacionadas com o joelho, tornozelo e pé ou tíbia (na região popularmente conhecida como “canela”); dentro destas, o síndrome de dor patelofemoral, o síndrome de stress medial da tíbia (“canelites”), a tendinopatia do Aquiles, a fasceíte plantar e o síndrome da banda iliotibial são apontados como os diagnósticos mais frequentes, sendo que isto pode variar de acordo com especificidades do atleta em estudo, desde logo o género (por exemplo, as particularidades da anatomia da mulher parecem conferir uma maior suscetibilidade a lesões do joelho enquanto nos homens parecem prevalecer as lesões no tornozelo), o tipo de provas a que se dedica (por exemplo, ultramaratonistas têm maior tendência à patologia do compartimento anterior da perna versus os não-ultramaratonistas) e também o volume, frequência e intensidade de treino específico que realiza.
O conhecimento destas lesões e a procura de ajuda diferenciada permite otimizar os cuidados de reabilitação e prevenção das mesmas, sobretudo se houver compreensão e integração da informação entre os médicos, atletas, treinadores, terapeutas e restante equipa envolvida no desempenho desportivo. Com isto, pretende-se um diagnóstico mais apurado e perspetiva-se potencial para diminuir a incidência e gravidade das lesões, nomeadamente no que diz respeito ao seu impacto na diminuição da performance a curto, médio e longo prazo.
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Autor: Mafalda Oliveira